sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Desamada

Chega de romance,
amor agora só free-lance.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Exótico

Ele gostava de deixar entre as páginas de seus livros e cadernos pequenas flores, folhas diferentes e até insetos que, desidratados pelo tempo, tornavam-se exóticas lembranças coloridas.
Atormentado pela saudade do amor desfeito, pegou a imagem dela em seu coração e colocou-a entre as folhas de seu missal poético.
Tempos mais tarde, ao reler seu poema predileto, virou a página e descobriu-a. Uma imagem sulcada por finas rugas, amarelada na poeira do tempo e que, apenas, exalou um perfume sutil como um suspiro de anjo. Era uma lembrança desidratada pela dor de se sobreviver à ela.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Nós 3 !


Essa é uma lembrança do meu casamento pra vc, mamãe! beijo, Cá

ps- eu e minhas amadafilhas!!!!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Mais te amava
sem saber que me deixavas.
Rompeu-me a alma em sustos.
(Até tu, Brutus?!)

Equilibrista

A malha colante no corpo esguio era azul celeste. A corda de prata, bem esticada, bem no alto de uma torre à outra, dava um ligeiro risco no céu.
Pé ante pé, como bailarino das estrelas, ele caminhava na vida por um fio. Os braços fortes levando a longa haste-da-fé como diáfanas asas que o faziam pairar ali.
E no ondular suave da corda, no vai e vem, de repente, um balanço inesperado - o povo aqui embaixo, narizes levantados, suspirou um contido OH! - ele estremeceu forte. E, meio desequilibrado, caiu em si.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Proibido

Tão forte o nosso amor que saí de ti fora de mim!
Sentindo a alma nua, pela longa rua, me percebi fora do tom. E assustada, teus beijos ainda na boca, os escondi sob o batom.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Cartas na Manga




Durante as compras do mês, descobriu numa liquidação, artigos excelentes por preços convincentes.Adorou uma vassoura bem peluda, de cerdas macias. Apressada, levou-a, voando, para o trabalho no hospital.
Ao ver a paciente que catava piolhos na cabeça do alfinete, não se conteve: queria melhorá-la e deu-lhe um trato caprichado. Deixou-a uma louca varrida.
td

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Pingos nos ii

Pingos nos ii

Tão econômica quanto ele. Escreveu-lhe nas entrelinhas e ele leu-a em meias palavras. Bastaram-se.
td

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Macio mar de nuvens.
Abaixo, pleno inverno
acima, brilha o verão.
Visão panorâmica
em viagem de avião.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Andava em nuvens!
Um anjo torto arrastava asa pra ela.
O coração, ex-morto, vela.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Jóia

Abriu a caixinha de jóias e tirou a lua cheia.
O quarto, crescente de luz, clareou tanto que as paredes se tornaram transparentes como cristal e ela se assustou. Prendeu logo a lua no cordão de ouro do pescoço e foi namorar. Toda iluminada.

Requinte

Sentia-se inspirado esta noite. Aprontou-se com apuro. O espelho devolveu-lhe a imagem perfeita em black-tie. Com um sorriso sensual, passou a mão pelos cabelos e, cantarolando, desceu as escadarias.

O imenso salão do castelo estava primorosamente arranjado, com flores e velas entre fugazes cortinas e espessos tapetes. A grande mesa ao centro, bem preparada.

Deixou a rubra taça sobre o aparador. Um gole lhe bastava.

Sentou-se no único lugar, a ele destinado, bem em frente à imensa salva de prata ao centro da mesa. E, ajeitando o guardanapo de linho branco, com elegante gesto, destampou-a.

Delicioso aroma flamejou-lhe as narinas. Maravilhou-se com o refinamento do cardápio. Entre perfeitas cerejas, cachos de uva, alguns dourados pêssegos afundados em ninhos de fios de ovos e salpicados fígados de pombos, estava a mais delicada iguaria que já lhe fora servida: esplêndida mulher jazia em repouso, apenas coberta a pele de marfim por seus cabelos de ébano.

Educadamente, secou os lábios de vinho e iniciou o ritual do banquete.

Com sábias mãos, percorreu o macio corpo, sentindo que seu calor atingia, assim, quase a elevada temperatura desejável. Envolveu os seios com mãos conhecedoras. Não resistiu, fugiu a todas as regras de etiqueta: provou-os com leves mordidas. E como a carnuda boca o tentasse também, lambeu-a e explorou-a por dentro.

Ao discreto pigarrear do mordomo que entrava, caiu em si. E, de faces coradas pelo deslize, ou talvez, pelo apetite, com finos gestos, tomou dos talheres de prata.

Abriu-lhe delicadamente o peito e devorou-lhe o coração, com tanta elegância que, sequer um pingo de sangue lhe comprometeu a bem aparada barba azul.
Teu ritmo ágil ralenta
ora vai, ora vem, inventa.
Minha carne frágil e sedenta !
Amou-me como um deus
amei-o como louca.
Paixão barroca !

Borboleta

Um beijo
pelo corpo inteiro
ligeiro
deixou
uma borboleta roxa
mordida
na
coxa