MAR DA NOITE
A fenda crescente
da lua minguante
ancora uma estrela.
Ao largo da noite
um errante cometa
singra o quadrante.
No céu de água negra,
preciso sextante,
a mente navega.
O pio da coruja
é farol de tormento!
Um amor flutuante.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
quinta-feira, 29 de maio de 2008
FRANCE GRIPP
DO MEDO
Esse tempo, hoje, esse tempo
essa face
claramente escura dos desejos
esse espaço, este espaço
transitado de metáforas
se repete, se repete, se repete
O medo
narrativa sem descanso, sem descanso
em remoinho em rumorejos
em sobrevôo em sobre nadas
O medo, o medo
atravessa
esse outro eu à lâmina, à punhalada
esse lugar, este lugar
o coração cruento
o coração cruento, coletivo e solitário
este tempo
de todos os possíveis
cara a cara, com o medo.
Esse tempo, hoje, esse tempo
essa face
claramente escura dos desejos
esse espaço, este espaço
transitado de metáforas
se repete, se repete, se repete
O medo
narrativa sem descanso, sem descanso
em remoinho em rumorejos
em sobrevôo em sobre nadas
O medo, o medo
atravessa
esse outro eu à lâmina, à punhalada
esse lugar, este lugar
o coração cruento
o coração cruento, coletivo e solitário
este tempo
de todos os possíveis
cara a cara, com o medo.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
ELZA RAMOS AMARAL
VIA LÁCTEA (haicais)
bem-te-vi
acorda a lua
na aurora
gaivota em vôo
lírio imaculado
enfeita o céu
olho-me num lago
ao meu lado a garça
surpresa como eu
madrugada
pios de aves noturnas
mantêm minha insônia
o pássaro azul
bebe água por ouro
raios de sol
bem-te-vi
acorda a lua
na aurora
gaivota em vôo
enfeita o céu
olho-me num lago
ao meu lado a garça
surpresa como eu
madrugada
pios de aves noturnas
mantêm minha insônia
o pássaro azul
bebe água por ouro
raios de sol
domingo, 25 de maio de 2008
ELIZABETH GONTIJO
AGENDA
Singro o tempo indivisível
tento, em vão, nortear a viagem.
Terça-feira:
Pela manhã, mercado central.
Vago entre ruídos...
quase perco a saída.
Aporto em banca de ungüentos...
Sexta-feira:
O chão encerado reflete a grafia incerta de meus passos.
Divago com favos e abelhas.
Às três horas dentista.
Um alento: posso morder a maçã.
Beiro, insabida, o insano.
Domingo:
Dia da graça.
_ Maria, coça minhas costas?
Na nostalgia da costela repartida
Adão me pede, de novo,
para ser Eva.
Singro o tempo indivisível
tento, em vão, nortear a viagem.
Terça-feira:
Pela manhã, mercado central.
Vago entre ruídos...
quase perco a saída.
Aporto em banca de ungüentos...
Sexta-feira:
O chão encerado reflete a grafia incerta de meus passos.
Divago com favos e abelhas.
Às três horas dentista.
Um alento: posso morder a maçã.
Beiro, insabida, o insano.
Domingo:
Dia da graça.
_ Maria, coça minhas costas?
Na nostalgia da costela repartida
Adão me pede, de novo,
para ser Eva.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
AUXILIADORA DE CARVALHO E LAGO
SENTIMENTOS II
Ah! bem posso imaginar,
sua boca é um vulcão.
Muitas vezes, quando quer,
uma lareira aconchegante,
que aquece o coração.
Mas, quando mal se apercebe,
vem o frio, arrepios,
sua boca é um “iceberg”.
Ah! bem posso imaginar,
sua boca é um vulcão.
Muitas vezes, quando quer,
uma lareira aconchegante,
que aquece o coração.
Mas, quando mal se apercebe,
vem o frio, arrepios,
sua boca é um “iceberg”.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
DÓRIS ARAÚJO
POEMA DAS TRÊS MULHERES
Tão diferentes e, ao mesmo tempo,
Tão semelhantes, essas três mulheres. . .
A primeira é irmã da segunda
Que é mãe da terceira
Que é sobrinha da primeira.
A tia, morena, de olhar profundo.
A mãe, corada e inquieta.
A sobrinha, porte de rainha,
Voz de sereia.
Aquelas, muito miúdas,
Contrastam com a derradeira.
Dividem o mesmo quarto,
Sonham os mesmos sonhos
De diferentes maneiras. . .
Contemplam as mesmas estrelas.
Mulheres de fibra, mulheres de Fé.
Protegem-se umas às outras.
Inseparáveis como irmãs siamesas.
Tão diferentes e, ao mesmo tempo,
Tão semelhantes, essas três mulheres. . .
A primeira é irmã da segunda
Que é mãe da terceira
Que é sobrinha da primeira.
A tia, morena, de olhar profundo.
A mãe, corada e inquieta.
A sobrinha, porte de rainha,
Voz de sereia.
Aquelas, muito miúdas,
Contrastam com a derradeira.
Dividem o mesmo quarto,
Sonham os mesmos sonhos
De diferentes maneiras. . .
Contemplam as mesmas estrelas.
Mulheres de fibra, mulheres de Fé.
Protegem-se umas às outras.
Inseparáveis como irmãs siamesas.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
CONCEIÇÃO PARREIRAS ABRITTA
INVERNO
E o frio caiu na alma...
Arrepios, saudade, dor.
Na penumbra do meu posto
estática, observo a natureza.
A brisa sopra frio em meu destino
levantando a poeira do meu nada.
Corta o coração, o sangue flui...
Corre nas veias e se apodera da solitude
que coordena as idéias.
E o inverno chega. Bate forte...
brota de todos os lados
e se mistura ao orvalho.
Desce dos píncaros dos morros
cobre as relvas das encostas.
A aurora vai chegando de mansinho...
A geada prestes a chegar, segue em outra direção.
Raios medrosos do sol afugentam a névoa seca,
a neblina some, a bruma se desfaz, o vento pára de soprar.
E o astro-rei mostra sua força.
É outro dia... um novo amanhecer.
A claridade afugenta o inverno
da minha imaginação.
O tempo passa célere,
apagando as intempéries do viver.
E o frio caiu na alma...
Arrepios, saudade, dor.
Na penumbra do meu posto
estática, observo a natureza.
A brisa sopra frio em meu destino
levantando a poeira do meu nada.
Corta o coração, o sangue flui...
Corre nas veias e se apodera da solitude
que coordena as idéias.
E o inverno chega. Bate forte...
brota de todos os lados
e se mistura ao orvalho.
Desce dos píncaros dos morros
cobre as relvas das encostas.
A aurora vai chegando de mansinho...
A geada prestes a chegar, segue em outra direção.
Raios medrosos do sol afugentam a névoa seca,
a neblina some, a bruma se desfaz, o vento pára de soprar.
E o astro-rei mostra sua força.
É outro dia... um novo amanhecer.
A claridade afugenta o inverno
da minha imaginação.
O tempo passa célere,
apagando as intempéries do viver.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
BRENDA MARS
MULHER FOLHA E AMANTE FULIGEM
Elemento de um só nó
Dessa massa vertente
da transitoriedade latente.
Lida de levar a vida
No compasso a passar
Por caminhos só de ida.
A paisagem não sabe dizer
Se poesia é árvore ou fruto
Mas ela está a brotar e crescer.
Folhagem e fuligem
O poema queima a paisagem
Até o gozo refrescar o corpo.
A poesia é mulher ou amante?
Homem sem história, talvez?
Inútil buscar a definição.
O poema não guarda a memória
Ele faz a sua própria história
Sem palavras, traços ou riscos.
A poesia retoma ao giz-de-cera
De uma infância de cores
Para aliviar as dores
De quem nesta arte
Será sempre aprendiz.
Elemento de um só nó
Dessa massa vertente
da transitoriedade latente.
Lida de levar a vida
No compasso a passar
Por caminhos só de ida.
A paisagem não sabe dizer
Se poesia é árvore ou fruto
Mas ela está a brotar e crescer.
Folhagem e fuligem
O poema queima a paisagem
Até o gozo refrescar o corpo.
A poesia é mulher ou amante?
Homem sem história, talvez?
Inútil buscar a definição.
O poema não guarda a memória
Ele faz a sua própria história
Sem palavras, traços ou riscos.
A poesia retoma ao giz-de-cera
De uma infância de cores
Para aliviar as dores
De quem nesta arte
Será sempre aprendiz.
domingo, 18 de maio de 2008
ANDREIA DONADON LEAL
AMOR OCULTO
Meu amor impetuoso
queima e alivia dor,
ilusão hidratada
sobra de abraços e carinhos
pedaços pequenos,
minúsculos pontos desprezados.
Meu amor esquecido
acumula rugas no rosto
pigmenta mãos trêmulas
aumenta passos arrastados.
Meu amor bastardo
suicida amor próprio
extravasa serotonina à toa
por um único beijo.
Meu amor positivo
é tomada queimada
pólos que não ligam;
funciona à base de
energia a tranco
e solavancos
de fios eletrizados.
Meu amor comprimido
se recolhe pequenino
no canto da sala
intimidado
oculto.
Meu amor impetuoso
queima e alivia dor,
ilusão hidratada
sobra de abraços e carinhos
pedaços pequenos,
minúsculos pontos desprezados.
Meu amor esquecido
acumula rugas no rosto
pigmenta mãos trêmulas
aumenta passos arrastados.
Meu amor bastardo
suicida amor próprio
extravasa serotonina à toa
por um único beijo.
Meu amor positivo
é tomada queimada
pólos que não ligam;
funciona à base de
energia a tranco
e solavancos
de fios eletrizados.
Meu amor comprimido
se recolhe pequenino
no canto da sala
intimidado
oculto.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Mais Mulheres no Palácio das Artes
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Mulheres Emergentes no Palácio das Terças
Na última terça-feira, nós lançamos a Antologia ME 18 no evento Terças Poéticas do Palácio das Artes.
Apesar do friozinho, foi uma noite maravilhosa.
A apresentação das autoras presentes, a exposição de ilustrações e jornais ME, o público tudo estava bacana!
Além disso, Tânia Diniz foi homenageada pelos 18 anos de trabalhos prestados para a arte e cultura. Vale a pena conferir a matéria completa no Jornal Aldrava http://www.jornalaldrava.com.br/pag_inbrasci.htm
Abaixo, algumas fotos.
Um abraço, Ana Carol
Regina Mello, Arnaldo Godoy e Tânia Diniz

Gabriel Bicalho, Andreia Donadon - aldravistas de Mariana- mg - e Tânia Diniz

France Gripp, Tânia Diniz, Andreia Donadon-Leal,Regina Mello, Iara Abreu e Brenda Marques
Apesar do friozinho, foi uma noite maravilhosa.
A apresentação das autoras presentes, a exposição de ilustrações e jornais ME, o público tudo estava bacana!
Além disso, Tânia Diniz foi homenageada pelos 18 anos de trabalhos prestados para a arte e cultura. Vale a pena conferir a matéria completa no Jornal Aldrava http://www.jornalaldrava.com.br/pag_inbrasci.htm
Abaixo, algumas fotos.
Um abraço, Ana Carol
Regina Mello, Arnaldo Godoy e Tânia Diniz
Gabriel Bicalho, Andreia Donadon - aldravistas de Mariana- mg - e Tânia Diniz

France Gripp, Tânia Diniz, Andreia Donadon-Leal,Regina Mello, Iara Abreu e Brenda Marques
segunda-feira, 12 de maio de 2008
IVETE WALTY
PAI
Eu quero o colo da minha mãe
Eu quero o seio da minha mãe
Eu quero as asas quentes da galinha
para me esconder de mim mesma.
Chapeuzinho Vermelho
eu engoli a bruxa
e nem vejo um caçador
que a extraia de mim.
Eu quero o colo da minha mãe
Eu quero o seio da minha mãe
Eu quero as asas quentes da galinha
para me esconder de mim mesma.
Chapeuzinho Vermelho
eu engoli a bruxa
e nem vejo um caçador
que a extraia de mim.
sábado, 10 de maio de 2008
SELMA WEISMANN
sexta-feira, 9 de maio de 2008
LIVIA TUCCI
BALLERINE
Ainda trêmula pelo último frêmito, ela se acalma. A pele, em lento e decrescente calor, exaurida, se apaga. A alma, leve como pluma, envolve-se em nuvens de cetim. Volátil, flutua num sono feliz. Esquecendo-se, porém, de apagar seus desejos de mulher, ela desperta, iluminada pela luz do próprio olhar. Acesa na fogueira dos sentidos, descuidada, se vê em pleno leito festivo. Seu corpo, em delirante música, a convida, outra vez, a dançar. Entre suspiros e pirouettes, ela rodopia em sintonia. Fulgurante cai em seus braços, nua e alva. E num pas-de-deux fazem a festa pelos salões e corredores até se fundirem em melodiosa exclamação! Arrastados pelas torrentes da paixão, mergulham úmidos e sôfregos, no transparente Lago dos Cisnes.
Ainda trêmula pelo último frêmito, ela se acalma. A pele, em lento e decrescente calor, exaurida, se apaga. A alma, leve como pluma, envolve-se em nuvens de cetim. Volátil, flutua num sono feliz. Esquecendo-se, porém, de apagar seus desejos de mulher, ela desperta, iluminada pela luz do próprio olhar. Acesa na fogueira dos sentidos, descuidada, se vê em pleno leito festivo. Seu corpo, em delirante música, a convida, outra vez, a dançar. Entre suspiros e pirouettes, ela rodopia em sintonia. Fulgurante cai em seus braços, nua e alva. E num pas-de-deux fazem a festa pelos salões e corredores até se fundirem em melodiosa exclamação! Arrastados pelas torrentes da paixão, mergulham úmidos e sôfregos, no transparente Lago dos Cisnes.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
DÉBORA NOVAES DE CASTRO
ANDARILHA
Caminho
dentro de mim...
Palmilho
o labirinto usual
de todos os momentos
possíveis e impossíveis
na descoberta da pedra
sofismal da vida.
Ao pensar
tê-la encontrado,
fantasmagórica miragem.
Desvencilho-me do espanto
retomo a caminhada.
Caminho
dentro de mim...
Palmilho
o labirinto usual
de todos os momentos
possíveis e impossíveis
na descoberta da pedra
sofismal da vida.
Ao pensar
tê-la encontrado,
fantasmagórica miragem.
Desvencilho-me do espanto
retomo a caminhada.
terça-feira, 6 de maio de 2008
STELLA MACHADO
PERENIDADE
Toma-me nas mãos e verás que sou areia
então por mais que depois as esfregues
de mim um pouco em ti há de sempre restar
Toma-me nos braços e verás que sou água
que sempre deixa puro o que tocou
Se pensas que sou nada tu te enganas
pois de água com areia se inventaram argamassas
se construíram templos
Sou mulher — apenas isso —
deixo na História o meu traço
ajudo a fazer a humanidade
_ e a erigir monumentos
Toma-me nas mãos e verás que sou areia
então por mais que depois as esfregues
de mim um pouco em ti há de sempre restar
Toma-me nos braços e verás que sou água
que sempre deixa puro o que tocou
Se pensas que sou nada tu te enganas
pois de água com areia se inventaram argamassas
se construíram templos
Sou mulher — apenas isso —
deixo na História o meu traço
ajudo a fazer a humanidade
_ e a erigir monumentos
quinta-feira, 1 de maio de 2008
EDINÉIA ALVES
CONFESSIONÁRIO
Perdoe-me por chegar assim
desajeitada
viajante cansada
de outro mundo
de outro tempo
de outra têmpera
Com meu estranho modo
de falar e de ser
sei que o assusto
Por tentar fazê-lo parte de mim
participante da minha dor
por buscar em você
com avidez
a vida, a voz, a vez,
a luz, o ar
por deixar fluir o grito
aflito
que do íntimo me aflora
em negra flor
carente de afago
de afeto e de amor
Perdoe-me
por chegar assim
por assustá-lo assim
por querê-lo assim
perdoe-me
por eu ser assim
Perdoe-me por chegar assim
desajeitada
viajante cansada
de outro mundo
de outro tempo
de outra têmpera
Com meu estranho modo
de falar e de ser
sei que o assusto
Por tentar fazê-lo parte de mim
participante da minha dor
por buscar em você
com avidez
a vida, a voz, a vez,
a luz, o ar
por deixar fluir o grito
aflito
que do íntimo me aflora
em negra flor
carente de afago
de afeto e de amor
Perdoe-me
por chegar assim
por assustá-lo assim
por querê-lo assim
perdoe-me
por eu ser assim
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