sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A Saga ME        -  Mulheres  Emergentes  -                      Parte 2. 5

 Ano 4      No. 13            Mar. Abr. Mai. 1993                1.000 exemplares







Em todo o Brasil, surgiu um movimento de poesia e publicações alternativas que remam à revelia das correntes convencionais. Mulheres Emergentes é um marco desse movimento contra a maré. Em sua versão impressa, e agora também em blog , 25 anos de glórias. Uma janela para as mulheres escritoras, que chegam ao século XXI com a corda toda!
            
                                                                     Mano Melo 
                                                    poeta, performer - Rio de Janeiro -RJ





                                              MULHERES EMERGENTES
                                                                                  Raquel Naveira

Conheci o projeto do mural poético “Mulheres Emergentes”  idealizado por Tânia Diniz bem no comecinho, no ano de 1989. Ela lá em Minas Gerais, onde há ferro nas almas e nas montanhas e eu em Campo Grande, perto do Pantanal, onde se escondem onças e voam araras azuis. Lembro-me com carinho do primeiro cartaz que chegou pelo correio: de um rosa sulferino, o busto de uma mulher ao canto, cheia de personalidade, alteando a cabeça e os cabelos.
Identifiquei-me com todas aquelas poetisas/poetas, pois só o signo “poeta” tem força para nomear essa missão de revelar a essência através da palavra. Vozes femininas de poetas que cantavam a solidão, o silêncio, o encantamento de viver.
Vibrei com os versos que me uniam em solidariedade às minhas irmãs de fé e ofício. Pensei: quero uma poesia humana, voltada para a mulher humilde, que luta com a água e o fogo. Para a mulher impetuosa que deseja amar e ser amada. Para a mulher trabalhadora, guerreira, disposta a crescer, a amadurecer, a penetrar no cerne do mundo, despida de sentimentalismo, mas plena de sentimento. Quero ser escrava, servir o outro com dedicação e, ao mesmo tempo, ser livre, confiante, segura de meus experimentos, artifícios e artefatos.
Depois, quanta paixão!,. vieram concursos, antologias, exposições. A dinâmica Tânia Diniz espalhando magia, delicadeza de haicais, demonstrando a força de quem mantém a esperança em momentos improváveis, empunhando a lança das heroínas nos campos de batalha. Tanto tempo passou. Escrevemos livros, trocamos cartas, mensagens em garrafas no mar virtual, fiamos textos, tivemos filhos e netos, sangramos gerações, afastamo-nos um pouco, viajamos de navio e aeronaves, sobrevoamos abismos,
abrimos cortes na pele, curamos cicatrizes, mudamos de cidade (estou agora em São Paulo, passando rasante pelos túneis como um morcego). Somos mulheres que sufocaram, superaram e emergiram inúmeras vezes de águas furta-cores. O importante é estarmos partilhando juntas estas lembranças, celebrando
a felicidade de vinte e cinco anos de um espaço do qual nos orgulhamos, de um sonho que persistiu na maturidade, de uma história da qual fomos todas protagonistas. Vejo uma chama, uma luz lilás e espiritual envolvendo a expressão “Mulheres Emergentes”.

                                                     Raquel Naveira

nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 23 de setembro de 1957. Formada em Direito e em Letras. Mestre em Comunicação e Letras pela Mackenzie/SP. Escreveu vários livros de poemas, ensaios, romance e infanto-juvenis. Vive em São Paulo. 





 Editorial - Tania Diniz - BH- MG

Ilustração - Lor - médico e cartunista - BH -MG


Axioma -  Margareth Atwood -  Canadá    trad. de M.C. Ferreira - RJ
Peso e leveza  - Fátima Portilho - RJ -RJ
Fruto proibido -  Dalva Chitarra - Goiânia - GO    
...morre-me a boca, presa de tonteira... - Gilka Machado (1893-1978) 
Mitos - Tânia Diniz - BH- MG
Il grano-  Vera Lúcia de Oliveira Maccherani -  SP - mora em Perugia - Itália 
Lição de português - Patricia Blower -  Niterói - RJ 
Tu com aquelas rosa...- Dionisio Sofista trad. Gilmar Crestani - Porto Alegre - RS 
Vagabundo - Carmem Moreno  - RJ - RJ 
Como não me apropriar...  Jorge Lúcio de Campos - Niterói - RJ
 com todos os meus lábios ... - Ane Walsh - Cambuquira - MG 
Presença - Sandro Starling - BH - MG 
Vagalume - Sueli A.V. de F. Ino - SP - SP 
 Línguas eróticas - Ruth Grheiszttayn - Brasília - DF 
Sensaciones - Nelson Diaz - Montevideo - Uruguay 
Pequenos poemas de muito amor - Affonso Romano de Sant`Anna - RJ - RJ 


 Editorial

"O grau de civilização de uma sociedade se mede pelo grau de liberdade da mulher."
                                                        Charles Fourrier (1772-1837)  - pensador francês
Neste número a homenagem a todas as mulheres, emergentes a cada dia, sempre em novas conquistas de si mesmas, de seus direitos, seus espaços e seu prazer.
A elas, o nosso canto.
                                            a editora

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